Nos últimos anos, a hashtag #TDAH se espalhou pelas redes sociais — especialmente no TikTok. São milhares de vídeos com listas de sintomas, depoimentos emocionados e até dicas de como “lidar com o transtorno”. A identificação é imediata: quem nunca esqueceu o que ia fazer, procrastinou ou se sentiu distraído em meio a uma tarefa?
Mas, segundo o artigo publicado no blog VivaBem, do UOL, essa popularização tem levantado um alerta entre especialistas: afinal, todo mundo tem TDAH ou estamos banalizando um transtorno sério?
🤯 A diferença entre ter sintomas e ter um transtorno
O neurologista britânico Philip Shaw, referência mundial no tema, explica que sentir-se distraído ou impulsivo de vez em quando é absolutamente normal. O problema é quando esses sintomas:
- São persistentes (acontecem com frequência);
- São intensos (não são apenas “momentos”);
- E causam prejuízo real na vida da pessoa (nos estudos, no trabalho, nos relacionamentos etc.).
Se essas três condições não estiverem presentes, o mais provável é que a pessoa tenha características de desatenção — o que não é o mesmo que ter um transtorno do neurodesenvolvimento, como é o caso do TDAH.
🧬 TDAH é real, sério e tem base neurológica
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma condição neurobiológica e genética, e não apenas comportamental. Ele envolve diferenças reais no funcionamento do cérebro — inclusive em áreas responsáveis pelo planejamento, tomada de decisão e controle de impulsos.
O artigo do UOL destaca que o TDAH afeta cerca de 5% das crianças e de 2% a 5% dos adultos. Em muitos casos, ele se manifesta de forma diferente com o tempo: nas crianças, pode ser mais visível na hiperatividade; nos adultos, em forma de desorganização mental, dificuldades com rotina e impulsividade emocional.
📲 O impacto das redes sociais no autodiagnóstico
Segundo os especialistas entrevistados, os vídeos curtos e envolventes das redes sociais misturam informação com opinião pessoal, o que pode levar ao autodiagnóstico. Isso não apenas gera confusão, como também pode levar pessoas a:
- Buscar tratamentos sem orientação adequada;
- Tomar medicamentos por conta própria;
- Ou até deixar de investigar outras causas reais dos seus sintomas (como ansiedade, depressão, sobrecarga emocional etc.).
✅ Diagnóstico é coisa séria
TDAH só pode ser diagnosticado com avaliação clínica criteriosa, feita por profissionais especializados (psiquiatras, neurologistas ou psicólogos). O processo envolve escuta ativa, análise do histórico da pessoa e exclusão de outros transtornos que podem provocar sintomas semelhantes.
Não basta se identificar com uma lista de sintomas na internet. E nem todo “teste online” é confiável.
🧠 Falar sobre TDAH é importante — mas com responsabilidade
A visibilidade do tema tem um lado muito positivo: quebra estigmas, ajuda pessoas a buscarem ajuda e cria redes de apoio. Mas é preciso cuidado para que essa popularização não transforme um transtorno complexo em moda passageira ou “explicação rápida” para todos os problemas da vida adulta.
🔗 Fonte original
Este conteúdo foi inspirado no excelente artigo do blog VivaBem, do UOL, publicado em 20 de junho de 2025:
👉 Vi no TikTok: Todo mundo tem TDAH? O que é e o que não é o transtorno